O autor dos belos traços é o designer paranaense Fernando Machado, 38 anos, que desde 2007 reside com sua família em Caxias do Sul, RS, onde iniciou a carreira profissional na empresa Agrale, tradicional fabricante de tratores, caminhões e da família Marruá de jipes 4×4.
Fernando interessou-se por design automotivo aos treze anos, quando ganhou de um tio um presente que mudaria sua vida um livro que ensinava os princípios básicos para desenhar carros. Aquele livro despertou o interesse no jovem, que depois viria a se formar bacharel em design de produto pela UTP – Universidade Tuiuti do Paraná (2004) e pós-graduação em ergonomia pelo IAHCS – Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde – (2012), Porto Alegre, RS.
O autor explica o conceito de seu híbrido do futuro, batizado de Duality: “é um veículo que nasceu com uma grande ambição: tornar-se o primeiro carro no mundo a preencher requisitos de um fora-de-estrada e um veículo de corrida”.
Mas como harmonizar essas duas características tão extremas? O veículo tem quatro conjuntos compostos por dois pneus (um fora de estrada e outro para altas velocidades e performances de velocidade), dois polímeros hexagonais (para alta absorção de impacto e que cumprem o papel da câmara de pneu convencional), duas rodas e seis células de energia. Além disso, uma suspensão altamente articulada que permite ao veículo alternar entre os modos fora de estrada e de alta velocidade.
Detalhe muito interessante é que os quatro motores ficam dentro dos pneus.
A vantagem é aumentar o espaço interno da cabine e baixar o centro de gravidade, assegurando maior estabilidade ao veículo.
Para proporcionar maior segurança para as pessoas ao redor do carro, quando os pneus off-road estão funcionando, os de alta velocidade ficam parados e vice-versa, como uma função de para-lamas.
Fernando explica o conceito do interior do Duality: “o módulo undrive é uma verdadeira área de revitalização. A cabine tem teto transparente, permitindo aos passageiros admirar a paisagem enquanto descansam em um assento que simula os movimentos de um massagista profissional. A ideia é relaxar depois de um dia de problemas, promover a interação com a família e amigos, fazer reuniões de negócios, desfrutar de jogos de vídeo ou mesmo fazer compras através de hologramas de realidade virtual”.
Realmente é um veículo que proporciona emoção pura. O autor ainda provoca: “Imagine correr na alta estrada e ter a possibilidade de deixar o asfalto e saltar na lama
sem atolar?”
Esse carro ultramoderno nasceu quando Fernando riscava algumas linhas num hexágono. Num certo momento ele percebeu que aquela poderia ser a vista frontal de um automóvel. Então o desafio foi gerar um 3D (ilustração em três dimensões) que fosse harmonioso em todos os ângulos de visão. Assim surgiu o Duality.
Embora seja puramente conceitual, o autor quer ir adiante com seu projeto.
Para o futuro ele quer patentear a ideia, buscar parcerias nas áreas deengenharias elétrica e mecânica, para realizar estudos e simulações virtuais para a suspensão e os motores, confeccionar uma maquete e ir galgando mais degraus.
E ele já vem colhendo frutos pelo trabalho, pois o Duality foi um dos 15 selecionados no importante concurso Michelin Challenge Design, promovido pela marca francesa de pneus, e que já está em sua 13ª edição. “Espero conseguir maior visibilidade por ter sido selecionado num concurso que é tão concorrido”, comentou. Esse ano foram 900 trabalhos inscritos de 74 países. E apenas um do Brasil!
Esse conceito foi exposto no Salão do Automóvel de Detroit, em Janeiro.
Um exposição justa e merecida para um designer brasileiro, na meca do automobilismo.
Fernando desde pequeno mostrou um talento fora do comum, fazendo desenhos de veículos de competição e customizados, numa época em que esse assunto só despertava a atenção de jovens com mais idade. Ficamos contentes de ver um talento reconhecido, e o que é mais importante, em constante evolução.
Parabéns, Fernando