O nome dado a esse, que talvez seja o maior jipe do Brasil, faz juz ao seu tamanho: Exterminador!
O empresário gaúcho André de Schuch d´Olyveira, fazia trilhas desde criança, pois seu pai plantava arroz em regiões de banhado no Rio Grande do Sul.
Mas a história do Exterminador começou quando um amigo (sempre eles!) – comprou um chassi de F-600 4×4, a cabine do Engesa EE-15, um motor V6 refrigerado a ar e pneus 1.400 R20”.
Depois de já ter gasto mais de R$ 50 mil, e perceber que tinha apenas um chassi com a mecânica adaptada, o ex-dono desanimou, encostando o jipe por sete anos.
Certo dia André recebeu uma ligação, dizendo que se não comprasse, o projeto seria desmontado. Ele encarou, mas fez de seu jeito, a começar pela troca dos pneus por modelos 540/65R28”, com rodas 28×18”, sem câmera.
Os eixos originais de caminhão Engesa deram lugar a eixos do caminhão MB 4×4, equipados com freios a disco, enquanto a suspensão, que era toda nova foi para o lixo, pois André queria molas parabólicas, prezando o conforto e a eficiência da torção da suspensão.
O motor Deutz-Magirus V6 de 8.5 litros, com originalmente 182 cavalos a 2.650 rpm foi revisado e turbinado, tendo a potência ampliada para 300 cavalos a 3.100 rpm. O propulsor ganhou bicos injetores e elementos maiores na bomba injetora. O motor tem ainda duas turbinas Holset HX-30 com 1,8 kg de pressão.
O dono jateou e pintou novamente o chassi e todas as peças que não eram novas tiveram os componentes trocados.
A carroceria do EE-15 agora tem cabine dupla, sendo que as laterais são novas, cortadas com plasma.
Depois foi o mais difícil, deixá-lo bonito. “O EE-15 é o 4×4 mais feio que já vi, depois do Javali!”, brincou André.
A solução encontrada foi projetar uma grade frontal com aletas em toda extensão, um capô novo, e para-lamas mais largos para comportar os pneus de 540 mm de largura. “Depois foi só fazer os estribos, os para-lamas traseiros e uma caçambinha. Pronto, agora não é mais feio!”, tirou onda.
No para-choque, que é de chapa de 1/2” e pesa 120kg, é fixado o guincho mecânico do caminhão REO 5 ton.
A caixa de transferência do F-600 4×4, teve as engrenagens internas alteradas para gerar um overdrive de 30%, ou seja, quando não está na reduzida, ela tem relação 1:1,3 e não 1:1. O câmbio foi trocado por um de caminhão MB 1113.
A relação de marchas foi alongada, para o jipe ficar econômico e silencioso. “Usamos diferenciais de ônibus bem longos, que ficaram perfeitos com os pneus de 60” e o overdrive extra. Eu viajo entre 80 e 100 km/h, numa faixa de 1.140 e 1.430 giros”, explicou.
A parte de acionamento do 4×4 e do guincho mecânico é feito por botões no painel. Tudo funciona através de cilindros pneumáticos e eletroválvulas com tensão de 12V.
A reduzida é acionada por alavanca, pois para o guincho funcionar precisa estar em neutro. O tanque de gasolina é o da F-1000 de plástico, com capacidade para 100 litros. Já o painel veio do caminhão MB, mas ganhou voltímetro, manômetro de pressão de turbo e conta giros.
Complicado foi adaptar os discos de freios acionados a ar. “Mandei fundir os discos e usamos as pinças do MB 709. Para não pegar no munhão e frear bem, os discos precisam ser grandes. Como as pinças não entravam no disco, fundimos várias peças até chegar ao ponto. “É o freio a disco mais caro da história”, citou o proprietário desse gigante de aço do Rio Grande do Sul. Animal!
Ficha Técnica
MOTOR: Deutz-Magirus V6, biturbo, 8.4L, refrigerado a ar
e65kg de torque)
POTÊNCIA: 300 cavalos a 3.000 rpm
TORQUE: 65 kgfm a 2.000 rpm
COMBUSTÍVEL: Diesel
TRANSMISSÃO: Caixa Mercedes 1113, de cinco marchas + ré com 30% de overdrive (alterado internamente )
TRAÇÃO: 4×2, 4×4 e 4×4 reduzida através de caixa de transferência Engesa F600 4×4 . Eixo dianteiro Mercedes 1115 com semi eixos fabricação própria (mais fortes) e coroa e pinhão de 1513, encurtado. Eixo Traseiro Mercedes 1513
DIREÇÃO: Hidráulica
SUSPENSÃO: feixe de molas do tipo semi-elípticas. Molas parabólicas, 3 lâminas por feixe, com 1.850 mm de comprimento na frente e 1.750 atrás.
FREIOS: Discos nas quatro rodas, acionados 100% a ar, com estacionário nas rodas traseiras
RODAS: 28×18” especiais para montar sem câmera
PNEUS: Mitas 540/65R28”, radial, high speed
DIMENSÕES (mm)
BITOLA: 2.040
PASSAGEM EM ÁGUA: 1.300
VÃO-LIVRE: 520
PESO: 5.000 kg
CAPACIDADE DE CARGA: 2.500 kg
TANQUE DE COMBUSTÍVEL: 100 litros
CONSUMO: Cidade 3,5 km/l Estrada: 6 km
Acessórios: Guincho mecânico Caminhão REO 5 Toneladas