Por James Garcia
Fotos David Santos Jr.
Esse é o Jeep Ford CJ5 1979, do personal training paulistano Ricardo Marchina Maia, que é dono dessa máquina mutante há quase duas décadas.
A história de Maia começa há mais de 20 anos, quando comprou seu primeiro Jeep, um Willys 1962 em sociedade com um colega, fato que obviamente não deu certo, pois há certos bens que não se dividem e carro é um deles. “Vendi minha parte e fui atrás do meu próprio Jeep, um Ford 1976”, comentou.
Posteriormente houve um Ford 1983 para depois chegar a esse belo exemplar 1979, que já atormentava os pensamentos de Maia.
O negócio foi feito em 1996 e o Jeep já era um “arraso”, estava em perfeitas condições de uso, inclusive possuía a carroceria de fibra – uma das primeiras do País –, afinal o Reinaldo é perfeccionista.
Maia está com o Jeep há 15 anos e, concomitante a isso, teve uma Toyota Bandeirante que lhe proporcionou uma incrível viagem off-road: a Transpantaneira e a Transamazônica, em 2002, em 28 dias e 11 mil quilômetros de aventuras.
Mas o assunto aqui é o Ford. “Adoro o Jeep e na época que o comprei poderia ter ficado com um Engesa pelo mesmo valor. Gosto é do Jeep!”, enfatizou o rapaz.
Mesmo estando impecável, o 4×4 já passou por mudanças desde então. Primeiro ele foi pintado novamente, quando o pai de Maia e Reinaldo eram sócios em uma oficina de funilaria e pintura. Naquele período, um amigo mostrou um motor V6 da Ford Ranger e perguntou se não gostaria de instalar no Jeep. “Fiz a besteira de perguntar ao Reinaldo se ficaria bom”, e o resultado está aí.
O motor 4.0 litros dianteiro, com 162 cavalos e 31,1 kgfm de torque caiu como uma luva. “Falaram que seria uma loucura, que daria problema, encrencaria na trilha etc”, comentou. Maia e Reinaldo seguiram em frente e aí está. Hoje se vêem muitos Jeep com motores injetados.
O aspecto mais complicado na restauração foi ter que fazer um novo chicote elétrico do propulsor, pois o dono só tinha o módulo. Outro ponto difícil foi construir a flange com a capa seca entre o câmbio Clark e o motor Ford, mas ficou tudo pronto em 30 dias.
O dono utiliza seu Jeep no dia-a-dia, vai ao trabalho e, claro, incontáveis trilhas, viagens e exposições de que já participou.
Segundo Maia, os méritos são todos do amigo Reinaldo Bontempo, que idealizou e construiu esse Jeep há 19 anos. “Ele já fazia modificações que simplesmente não existiam, como a adição da porta do modelo do Wrangler, a ampliação do quadro de para brisa com os limpadores localizados na parte inferior, direção hidráulica, freio a disco nas rodas dianteiras, sem contar na suspensão constituída por barras e molas helicoidais baseadas no jipe Engesa, outro upgrade que na época nem sequer era imaginado para jipes”, falou Maia, que também lembrou com carinho dos pais, pela paciência de ter a garagem deles (que é só para um carro), ter virado uma oficina, às vezes de mecânica, outras de funilaria e pintura.
O interior básico e sem firulas
Nosso personagem lembrou um fato curioso: certa vez estava na Trilha do Pinheirinho, na Serra da Cantareira (zona norte da cidade de São Paulo) e quebraram os cinco parafusos prisioneiros de uma das rodas traseiras. A namorada Egle humphreys – hoje esposa – estava junto e os amigos implicaram, dizendo que ela iria reclamar pela demora e porque estavam no meio do mato e lama. Eles não a conheciam. Egle esticou uma lona sob a sombra de uma árvore, pegou o livro e ficou entretida até que Maia finalizasse o reparo, o que surpreendeu a todos. “As esposas deles é que já estariam reclamando; finalizou com bom humor, complementando que com isso ela ganhou vários pontos e hoje é sua mulher.
“O ex-dono tinha uma oficina de 4×4 próximo de casa, e eu não saía de lá. Sempre falava que um dia o Jeep seria meu e de fato isso aconteceu” – Ricardo Marchina Maia
Fale com Ricardo Marchina pelo e-mail troffroad@ig.com.br
Ficha Técnica – Jeep Ford CJ5 1979
Carroceria: Fibra de vidro
Chassi: original
Motor: Ford Ranger V6, 4.0, dianteiro, longitudinal
Potência máxima líquida: 162 cavalos a 4.800 rpm
Torque: 31,1 kgfm a 2.750 rpm
Combustível: gasolina
Cilindrada: 4.011 cm3
Taxa de compressão: 9,0:1
Refrigeração: água
Transmissão: câmbio Clark de quatro marchas mais Ré
Tração: 4×4 e 4×4 com reduzida através de caixa de transferência
Bloqueio de diferencial ARB dianteiro e traseiro
Suspensão: Eixos rígidos, braços móveis e molas helicoidais, amortecedores com regulagem interna
Direção: Sistema Hidráulico Ford Landau
Freios: sistema de discos nas quatro rodas, dianteira Ford Landau e traseira da VW Brasília
Rodas: Mangels 15 x 8”
Pneus: Mud terrain 35” x 12,5” x 15”
Comprimento: 3.517
Largura carroceria: original
Largura total com retrovisores e estribo: 1,850
Altura total: 2,060
Altura com para-brisa rebatido: 1.750
Vão livre: 400
Passagem em água: 750
Bitola: 1.250
Entre-eixos: 2.057
Peso: 1350 quilos
Capacidade de carga: 500 quilos
Velocidade máxima: 150 km/h
Tanque de combustível: 55 litros
Consumo
Cidade: 6,5 km/l
Estrada: 7,5 km/l
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